PODER A situação da PM não é greve, é grave

Por Ciro Nunes

Nos últimos dias, 100% dos militares estaduais, indignados, nos corredores, comentam sobre os sete por cento de reajuste salarial concedido pelo governo.

Mas, será que adianta demonstrar e discutir tal descontentamento apenas nos corredores dos quartéis? É óbvio que a resposta é negativa.

Porém, só há uma forma de resgatar o respeito e o reconhecimento do ofício em que seus integrantes, que sentem o cheiro da pólvora e o zunir dos projéteis balísticos, deixam suas famílias para, mesmo com o risco da própria vida, garantir a segurança e o sossego das famílias que sequer conhecem, todavia, não devemos esquecer que, sem sombra de dúvidas, estas são a razão plena de nossa existência e dedicação profissional.

É preciso olhar para erro. Identificar e reconhecer esse erro.

E o maior erro que cometemos foi de, nos últimos sete anos – talvez aí o escárnio de 7% –, permitir a desagregação da família militar: quando permitimos e alimentamos as ações veladas do “nós contra eles” (oficiais e praças); quando não demonstramos o desprezo que merecem os bajuladores e abridores de portas; quando assistimos o desrespeito ao mérito e a desvalorização da antiguidade; quando passivamente permitimos o engessamento dos comandantes; enfim, quando contribuímos para a desvalorização e desestruturação da família militar. Concorrendo, inevitavelmente, para que a instituição esteja órfã de pai e mãe, sendo, ainda, obrigada a ser adotada por um padrasto malvado.

Apesar da situação não caber greve, sobretudo por ser inconstitucional, ela é grave. E apesar de ser grave, temos que ter o profissionalismo de que com a força, somente somos respaldados para vencer o crime. Não conseguiremos realizar conquistas com ela.

Todavia, se usarmos a nossa inteligência, disciplina e consciência, despertaremos a maior força que já se viu em nossa sociedade.

Temos serviços prestados aos cidadãos maranhenses e é inquestionável que eles nos reconhecem!

Assim, é preciso estarmos conscientes de que precisamos de uma voz na Assembleia Legislativa. Uma voz que, preferencialmente, venha ecoando, em prol da instituição, do Direito – direito e não o torto – de seus integrantes e da família militar, durante a sua trajetória na carreira.

Identificando e desprezando os oportunistas que fizeram parte do sistema, de forma omissa ou conivente para se manter na cadeira, mas que, após exonerados, querem se apresentar como salvadores da instituição e da família militar.

Estes defenderão apenas seus projetos individuais, jamais o coletivo.

É exatamente em favor do projeto coletivo que, ciente das perseguições eventuais que poderei sofrer, por parte daqueles que cotidianamente alteram o sentido das expressões postas quando estas vão de encontro ao governo posto, invadindo o direito de irresignação da família militar, pondo-se a reprimir o detentor da voz que apenas grita o que todos sabem e sentem.

Desta forma, mesmo diante disso tudo, eu decido ousar não me calar e me comprometo a não o fazer!

Até porque não manifesto nenhuma irregularidade com minha fala, apenas exponho a paixão por essa farda, o amor por essa família que integro e meu senso de dever como um soldado que não teme ir para o combate, cujos valores me fazem rivalizar com absurdos.

Conclamo a cada soldado, para juntos, despertamos e resgatarmos a união de nossas famílias, da Família Militar!

Vamos acordar este gigante que ora adormece e construir melhores caminhos!

Pois, desta forma, eu acredito que a família militar dará condições para que comandantes compreendam e se conscientizem, que – parafraseando o adágio dos advogados que diz que: “advogado perde causa, mas não perde prazo.” – os mesmos podem até perder a cadeira, mas jamais perder o comando.

Eu fui criado, pelo Sargento Cícero, com o espírito da família militar!

Eu acredito na força da família militar!

Adsumus!

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