Governado por Renan Filho, Alagoas até hoje mantém portaria que libera uso da cloroquina

No relatório que apresentou à CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL) pediu o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por “charlatanismo”. O Chefe do Executivo teria defendido remédios que, segundo Renan, não têm comprovação científica. 

Entretanto, a régua que o Senador usa para medir o Presidente da República não é a mesma com que mede seu filho, José Renan Vasconcelos Calheiros Filho, governador de Alagoas pelo MDB. 

Isso porque Renan Calheiros faz vista grossa para uma portaria da Secretaria de Saúde de Alagoas que prevê expressamente o uso de cloroquina e da hidroxicloroquina contra o vírus chinês. O caso não foi colocado sob investigação na CPI da Pandemia.

Em um dos itens, o documento chega a afirmar que as evidências científicas apontam um impacto favorável na evolução da doença quando são utilizadas cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes nos quadros leves, moderados e graves.

“CONSIDERANDO que apesar dos inúmeros ensaios clínicos em andamento avaliando possíveis tratamentos, ainda não existe tratamento específico para a COVID-19; CONSIDERANDO que as evidências científicas apontam um impacto favorável na evolução da doença, quando da utilização de Cloroquina e Hidroxicloroquina em pacientes com COVID19, nos quadros leves, moderados e graves”, diz a portaria.  

Em maio de 2020, o Governo de Alagoas chegou a publicar uma matéria desmentindo um boato que circulava na internet de que a Secretaria de Saúde não estaria distribuindo os medicamentos. 

“Sobre a aplicação dos medicamentos, a Sesau informa que, até a última quinta-feira (30), os fármacos foram distribuídos para 278 tratamentos. A quantidade total disponível no Estado se divide em 4.760 comprimidos de cloroquina, cujo uso atende a até 238 tratamentos, e 27.414 comprimidos de hidroxicloroquina, que podem atender até 4.569 tratamentos”, informou o órgão.

Até o momento, não há indicação de que a portaria tenha sido revogada. No voto divergente que apresentou à CPI da Pandemia, o senador Marcos Rogério destaca esse caso. 

O parlamentar defende que, se a CPI considera que a cloroquina ou a hidroxicloroquina realmente causaram mortes de pacientes da Covid-19, é necessário que se inclua no indiciamento todos os governadores e prefeitos que distribuíram os medicamentos. 

Marcos Rogério recorda ainda o episódio envolvendo o governador João Doria e o médico Davi Uip, que coordenava o combate ao coronavírus em São Paulo.

“Outrossim, foi apresentada nesta CPI a informação do Governador de São Paulo, João Doria, de que não teria sido uma iniciativa do Ministério da Saúde a distribuição de cloroquina para pacientes da covid-19, mas do Governo de São Paulo, através do médico David Uip, que coordenava o combate ao coronavírus naquele Estado”, diz um trecho do relatório.

“Ou seja”, continua o Senador, “não se trata, apenas de distribuição pelo Ministério da Saúde, mas de aquisição pelos próprios Estados e Municípios”.

Fonte: Tercalivre.com.br

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