O ingresso da ex-governadora Roseana Sarney na cena política maranhense lança um jato de luz sobre a sucessão para o Governo do Estado e dá uma dinâmica diferenciada à um quadro que parecia que seria somente Maura Jorge, Roberto Rocha e Flávio Dino assumindo ares de candidatos. Seria, como se diz na gíria, o famoso pule de dez para o comunista, que assim poderia selar mais um mandato como inquilino do Palácio dos Leões.
Com Roseana candidata – e isto agora é uma possibilidade quase concreta, e não apenas discutível – a coisa muda de figura. Antes de ela confirmar o desejo de ir para a disputa – coisa que o fez dia 05/11 ( em reunião com jornalistas -, um outro político havia emitido sinal de que poderia também concorrer: Maura Jorge.
Na verdade, com Roseana no jogo, é provável que ela atraia para si Roberto Rocha lá na frente, já Maura Jorge por sua personalidade forte, se isso for interessante do ponto de vista estratégico da eleição, creio que aceitaria uma vice ou no eventual segundo turno apoiar Roseana. Alguém já imaginou o apelo de uma chapa formada por mulheres, com a dobradinha Roseana/Maura Jorge ?
O que fica claro nesse cenário com Roseana é que ela leva a disputa para o segundo turno. E é aí que a onça começa a sentir sede. Alguém tem dúvida de, num eventual segundo turno com Roseana e Flávio Dino, com quem se juntariam Ricardo Murad, Roberto Rocha e até Maura Jorge?
A política tem suas incoerências e ironias. Tudo o que Flávio Dino não gostaria de topar no cenário de 2018 era com Roseana Sarney. E a razão é simples. Além de trazer à lume o velho sarneísmo, a eleição acabará por se tornar plebiscitária, o que em tese não deveria tirar a tranquilidade de Flávio Dino, já que ele vive a alardear as diferenças do seu governo em relação às gestões anteriores. Mas no duro: comparando-se um com o outro, quem é de fato melhor ou pior? E para ser mais lúcido, quem seria menos ruim ou menos melhor?
Para quem venceu as eleições de 2014, prometendo romper com o atraso e inaugurar no Estado uma nova ordem política, o que vemos hoje é a saúde continua mal com críticas generalizadas no atendimento, a educação, mais ou menos; a segurança, que seria o carro-chefe da nova gestão, permanece caótica, com facções criminosas se dando o luxo de comemorar aniversário com queima de fogos na cidade. A rigor, não existe uma única obra estruturante na capital. O governo em união com a prefeitura têm-se limitado a construir praças e a reconfigurar rotatórias. É muito pouco para uma cidade que precisa atender as demandas de mobilidade de mais de um milhão de habitantes.
Analisando grupo por grupo, vejo uma correlação de forças muito equilibrada, e se considerarmos as chances de Maura, Roberto e Ricardo se juntarem a ela, a coisa pode pender para o lado da ex-governadora.
Do ponto de vista puramente político, Roseana e Dino se equivalem. Mesmo com a sua dificuldade de oratória, a ex-governadora detém uma coisa que em política é determinante: carisma. O que Maura Jorge também tem de sobra, acompanhada de uma bela oratória que a faz percorrer os municípios maranhenses e suas peculiaridades, com facilidade. Poderia haver um equilíbrio nesse sentido, pois Roseana não é a mesma de anos atrás, o cansaço e desgaste naturalmente chega. Já Maura Jorge nota-se que está com disposição total. Não sei por que, mas elas duas agradam o eleitor e mantém com ele uma relação de empatia aguda, e é correto dizer que os votos dissidentes de Dino migrarão para ela e o eleitorado de Maura se divide entre ambos .
Roseana governadora era tudo o que Flávio não gostaria de ler e ouvir nestas eleições que se aproxima, mas terá que preparar os olhos e ouvidos – e quem sabe até o fígado – porque pode ser uma realidade, ou quem sabe Maura ou Roberto apoiado por Roseana? Na política tudo pode acontecer…
Por Nonato Reis