Pelo menos publicamente, o governador Flávio Dino (PCdoB) não responde às críticas nem rebate as denúncias feitas pelo senador Roberto Rocha (PSDB) e pelo deputado estadual Wellington do Curso (PP) contra a sua gestão. Muito menos atende às reivindicações e apelos do tucano e do progressista em questões de sua alçada. Ao que parece, o comunista se mantém indiferente ao discurso e aos movimentos dos dois adversários, que têm o objetivo único de desqualificá-lo e destroná-lo. Mas, nos bastidores palacianos, a ordem de Dino é boicotar os projetos políticos e eleitorais dos dois desafetos, a qualquer custo.
Rocha e Wellington fizeram parte da ampla aliança político-partidária que elegeu Flávio Dino governador, em 2014. Acontece que logo no primeiro ano de administração, o chefe do Executivo e os dois então aliados começaram a se distanciar, até que houve o rompimento total e definitivo, sacramentado a cada dia pela postura divergente e hostil do senador e do deputado em relação ao Palácio dos Leões – e do aparente desinteresse deste em uma reaproximação.
Hoje, pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que Rocha e Wellington são os mais contundentes opositores de Flávio Dino, mais até do que os membros do grupo que originalmente posicionou-se do lado contrário ao dos comunistas, desde a pré-campanha passada ao governo.
Partem do tucano e do progressista os ataques mais agressivos a Flávio Dino e, particularmente de Rocha, ao secretário de Estado da Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, braço direito do governador. O senador e o segundo homem mais forte da gestão comunista travam uma guerra escancarada, com críticas e acusações mútuas e até troca de insultos, que algumas vezes já rebaixaram ao nível mais rasteiro uma divergência que deveria se dar apenas no campo político.
O desprestígio explica, em parte, a mudança de posicionamento dos dois parlamentares em relação ao governo. Preteridos pelos Leões tão logo Flávio Dino assumiu o poder, enquanto viam outras figuras ganharem espaço e projeção entre os governistas, ambos se rebelaram e hoje são personas non gratas para comunistas e asseclas. No mais, a cisão se justifica pelas práticas político-administrativas e pela ideologia que as rege, das quais tanto Rocha, quanto Wellington parecem discordar.
Em 2016, Rocha e Wellington chegaram a cerrar fileiras juntos, em uma candidatura competitiva do deputado, para tentar barrar a reeleição do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), e assim tirar importante fatia de poder de Flávio Dino, uma vez que o gestor da capital é seu aliado incondicional.
Por essa afronta e tantos outros atos de rebeldia, o tucano e o progressista deverão sentir o peso da máquina palaciana na eleição de outubro, inclusive com risco de tornarem-se vítimas de sabotagem oficial. O primeiro em sua pretendida candidatura a governador, que embora não seja a mais ameaçadora, já vem sofrendo duros ataques da mídia governista. O segundo, em sua tentativa de renovar o mandato na Assembleia Legislativa, projeto que tem tudo para ser bem sucedido, tendo em vista a sua incansável atuação parlamentar e a reconhecida credibilidade do seu trabalho.
Por Daniel Matos