Ele explica sobre a importância de manter o local intacto, para que não se percam vestígios que possam colaborar na elucidação do caso
Após ser divulgada a notícia de que a menina Alanna Ludmila foi encontrada morta, nesta sexta-feira (3), várias imagens e vídeos do momento em que o corpo foi removido por vizinhos circularam nas redes sociais e em veículos de televisão. A vítima teria sido encontrada por um vizinho, que teria sentido o mau cheiro oriundo da decomposição do corpo da menina e pulado o muro do quintal da casa para verificar do que se tratava. Ele encontrou a criança enterrada numa cova rasa, coberta por entulhos de pedras, areia e telhas quebradas. O corpo chegou ao Instituto Médico Legal às 12h08 e está passando por necrópsia.
Trabalhando e morando atualmente em Brasília, o perito criminal e professor do Infor (Instituto Nacional de Perícias e Ciências Forenses), Cássio Thyone, acompanhou o caso à distância, mas preocupou-se como a forma como foi tratada a cena do crime e manifestou sua opinião sobre o descuido com o local, alertando para a importância de manter o local de crime intacto, o que contribui para uma melhor elucidação do caso.
“É preciso ter uma noção de que qualquer alteração em uma cena de crime vai gerar uma modificação neste local, indo no caminho inverso da elucidação do caso. Podemos acompanhar pelos vídeos que estão circulando nas redes aquilo que pode ser considerado uma violação da cena de crime”, explicou ele. “Não estou entrando no mérito da intencionalidade, que nós percebemos que não houve, até porque foram vizinhos e populares que fizeram a remoção do material sobre o corpo da criança. Mas aquilo que deveria ter sido feito naquele momento seria o acionamento imediato da polícia e a total preservação, não apenas daquela área em que o corpo se encontrava, mas de toda a residência. Todo o perímetro é, agora, considerado um local de crime”, diz Cássio.
Ele esclarece que, com o local alterado, quaisquer vestígios e pistas do caso que ali estivessem presentes, sofreram uma interferência. “Qualquer material que estivesse ali, naquele local, poderia vir a constituir-se um vestígio importante. Então não temos como prever o prejuízo que isso pode ter causado. Houve uma descaracterização do local de crime”, aponta ele. “Vestígios como DNA, material biológico do agressor/autor do crime, materiais que contivessem possíveis impressões digitais, experimentaram um prejuízo e desrespeito no que diz respeito à perícia daquele local de crime. O que deveria ter sido feito seria que, assim que fosse constatado que ali existia um corpo, toda e qualquer pessoa deveria deixar aquele lote, e a polícia deveria ter atuado para isolar o local para que apenas a equipe de perícia tivesse acesso àquela cena de crime”, afirmou.
Comentando sobre outros aspectos do caso, que mobilizou e entristeceu muitos maranhenses, ele afirmou que “a própria ocultação do cadáver é algo que deve ser documentado para a resolução do caso, porque sem dúvida essa será um fator qualificador em relação ao crime cometido pelo eventual autor”.
MA10
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